que eu não minta quando escrever.
carta-resposta às páginas soltas de talissa.
ao chorar, debruço-me sobre os meus joelhos e encosto os lábios na pele que é minha. repouso os olhos, depois as mãos sobre o chão. procuro deitar lentamente tentando não me apegar dessa vez.
não te vejo por hora, mas te leio. organizo as letras do alfabeto e identifico as palavras, lentamente lhe reconheço como um texto-água turvo, nebuloso e frio, não que suas ordenadas palavras me esfriem, contudo há a percepção em mim do que me falta.
quantas vezes voltamos para ele? ou para eles? de tempos em tempos esvazio o coração-casa esperando que ele volte.
mas muita calma, coração
que tudo há de ficar bem
e quando não - Olhos Grandes,
desminta, aos poucos, para você mesma, os anos em que amou o imaginário.
respire lentamente e veja as grandes concretudes: a casa anoitecendo, os móveis da sala, os vazos com as pimentas, as flores, o quarto grande, a cama larga e você mesma deitada de lado.