não, não olhe para trás, não agora. conto o passado sozinho porque ele não sabe de nada. eu entristeço e você nada. nada nas profundezas e o que resta a nós é o tempo que não vivemos. agora percebo.
quando nascemos não somos únicos, somos?
agora estou só.
só dos tudos. e tudo me parece tão pouco. o tempo colocou-me um nó na garganta, o chamemos assim. poupo-lhe dos lamentos, mas derramo, transbordo pelas beiradas.
estou assim quieto, imóvel para que eu mesmo não perceba todo esse cansaço que esses dias me causaram. em outro momento, talvez longe daqui, ví-me carregando uma criança já grande no colo, descíamos uma longa escada e quando embaixo chegávamos, a criança era eu. ela chorava. derretia e voltava a ser água.



Um comentário:

V.D.S. disse...

Da tristeza e solidão a gente tira pelo menos literatura, antes de ver alguma lição. Bonito texto.